O setor automotivo vive uma fase de grandes alianças globais, mas poucas fazem tanto sentido estratégico quanto a aproximação entre Renault e Geely. Não se trata de tamanho, volume ou impacto imediato. Trata-se de complementaridade real.
- Não é a mais ousada, como a Fiat costuma ser
- Não é a maior, como a Stellantis
- Não é a mais tecnológica, como a BYD
- Não é a mais forte em marca, como a Volkswagen
Mas é, hoje, a associação que melhor combina experiência industrial com domínio de tecnologia elétrica.

Duas competências que se encaixam
A Renault traz algo raro no Brasil: conhecimento profundo do mercado local, da produção ao posicionamento de produto. A Geely, por sua vez, chega com escala global em eletrificação, domínio de plataformas e custos já amortizados no maior mercado de carros do mundo.
Essa soma cria um cenário que vai além do discurso.
Em conversa com o Guia do Carro, o presidente da operação, Ariel Montenegro, confirmou que o Geely EX5 terá produção no Brasil. Não será o primeiro modelo da marca a sair das linhas nacionais.
– “Não vai ser o primeiro”, disse, ao ser questionado diretamente.
Antes dele, o plano prevê a produção do Geely EX5 híbrido plug-in, o que ajuda a explicar a estratégia gradual da associação.
O tabuleiro atual da Renault
A Renault entra nessa equação com uma gama já bem estruturada no Brasil:
- Kwid a combustão – porta de entrada acessível
- Kwid elétrico – hoje, o elétrico mais barato do país
- Kardian – SUV urbano moderno e bem posicionado
- Boreal – novo SUV médio, peça-chave da próxima fase
É uma base sólida, mas ainda limitada quando o assunto é eletrificação em maior escala.
O que a Geely acrescenta
Do lado da Geely, os produtos falam por si:
- EX2 elétrico – um dos carros mais vendidos da China
- EX5 elétrico – SUV médio moderno, alinhado ao gosto global
São modelos concebidos já sob a lógica elétrica, com plataformas maduras e custos competitivos.
O que vem pela frente
A associação Renault–Geely desenha um portfólio que pode mudar o jogo nos próximos anos:
- Nova picape Niagara
- EX5 híbrido plug-in fabricado no Brasil
- EX2 elétrico fabricado no Brasil
Não é pouco. E, sobretudo, não é improviso.
Por que isso importa
Enquanto algumas marcas apostam tudo em volume e outras em ruptura tecnológica, Renault e Geely parecem seguir outro caminho: evolução consistente, com produtos ajustados à realidade brasileira e à transição energética possível – não idealizada.
Talvez essa associação não chame mais atenção hoje. Mas, olhando o tabuleiro com calma, pode ser a que mais entrega resultados no médio prazo. E é exatamente aí que mora a sua força.
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